"AMERICANTO AMAR AMÉRICA" : UM POEMA COMPLETA 50 ANOS !
AMERICANTO AMAR AMÉRICA
& OUTROS POEMAS
(Capa do livreto / Nordestal Editora,
Recife - PE, 1975)
Escrito em São Paulo (SP), no ano de 1972, e lançado pela primeira vez em um livreto, de composição e impressão tipográfica da Gráfica Gárcia, de Catende - Americanto Amar América & Outros Poemas, Nordestal Editora, Recife, PE, 1975-, este poema, que já alcançou 4 edições impressas e 1 digital... completou, neste ano de 2022, a idade exata de 50 anos de sobrevivência.
O poema não tem lá tanto valor, o poeta é pobre e sem "influência" nenhuma, não faz média no soçaite universitário e midiático, somando-se a isso a memória curta dos contemporâneos, a indigência do nosso jornalismo cultural e a desgraça deste tempo tempo brasileiro pandêmico e ainda ameaçadorsmente fascista, esta data, com certeza, não quer dizer porra nenhuma para a maioria dos "leitores" nordestinos e brasileiros... Mas tem muito mais história do que um grande número de "poesia" louvada por qualquer um e "livro" que anda por aí em tiragens reduzidas e aplaudidas de 50 ou 100 exemplares que não alcançam ninguém.
Conto esta história.
Escrevi o poema AMERICANTO, aos 21 anos de idade, depois do lançamento do meu primeiro livro de poesia - um magro volume sem título -, de viajar com esse livro para alguns lançamentos, depois de caminhar e perambular pelas estradas da Rio-Bahia, de voltar a Palmares, minha cidade natal (de onde saí aos 19 anos de idade) e de retornar a São Paulo, sem emprego e sem endereço certo. Me lembro que o escrevi em uma casa de vila onde residi com duas tias, irmãs da minha mãe, operárias bem empregadas, e uma amiga delas, na rua Evaristo da Veiga, bairro de Belenzinho. Mas não me lembro como o escrevi. E o poema foi escrito num jato só, como se tivesse de arrancá-lo do meu corpo, sem pensar ou arquitetar nada, numa espécie de transe de olhos abertos, um vômito, uma hemorragia verbal. Isso foi tão forte, tão carnal, tão doloroso-prazeroso, que me causou uma espécie de medo, como se não me pertencesse, e não pertencesse a ninguém. O poema estava escrito por inteiro - na manhã, tarde, noite ? de um dia - e eu o guardei e silenciei ainda em São Paulo, onde ele nasceu. Em São Paulo onde eu estava vivendo uma fase difícil e interessantíssima, compartilhada com poetas novos, leituras inquietantes, e, mesmo com dificuldade financeira, mergulhado numa liberdade que nenhum dinheiro paga ou conquista. Dois livros - Geração Beat - Antologia (Editora Brasiliense, São Paulo - SP, 1968), que me foi presenteado pela poetisa paulista Haidée Sorensen, e Pan-América, romance, de José Agrippino de Paula, (Editora Tridente, Rio de Janeiro - GB, 1967), que eu comprei em um sebo na Avenida São João, centro de São Paulo -, fizeram parte das minhas leituras nesse tempo da criação do meu poema AMERICANTO. Mesmo tendo sido escrito em 1972, esse poema - que recebeu inicialmente o título de "Tributo à Geração Beat", não foi divulgado em momento nenhum, e só seria publicado em 1975, depois que eu organizei e publiquei a antologia Poetas de Palmares (Editora Palmares - PE, 1973).
O livreto Americanto Amar América & Outros Poemas (Nordestal Editora, Recife - PE, 1975), 24 páginas, composição e impressão tipográfica realizada na Gráfica Garcia, em tiragem de 1.000 exemplares, é apresentado com um texto ("Um poeta com os pés no chão") do escritor catendense Pelópidas Soares, reproduzido na contracapa. Entre outras palavras, o contista e jornalista pernambucano afirma :
"A sua poesia carrega a angústia da fase transitória de sua geração que aguenta o peso da tragédia dos nossos dias prenhes de incertezas. Geração que fecha as portas de um passado e abre as portas para um futuro, em que o homem, o mais adaptável dos animais, vencerá, afinal ! Mesmo que tenha de erguer-se do caos."
O poema, na primeira parte do livreto, é dedicado "à geração beat, que pariu o Anti-Sonho"; na segunda parte - Outros Poemas - estão publicados "Oração de Narciso", "Cantiga ao redor do teu seio", "Cântico para Joelina", "Poema" (para Lea Tereza Lopes), "Canção para meninas" e "Uma fazenda no Éden" (dedicado a Marconi Notaro). Nesse tempo eu assinava a publicação com o nome Juhareiz Korreya (Daí, talvez, a afirmativa de Pelópidas Soares no texto de apresentação : "Dentro do seu jeito extravagante, Juhareiz Korreya é um homem sério.")
O livreto não foi lançado de forma convencional e tambem não o coloquei à venda em livrarias. Eu o apresentei em municípios da minha Região, a Mata Sul - Palmares, Catende, Água Preta, Barreiros -, e no Recife, visitando colégios de segundo grau e a FAMASUL - Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul... Contei, para isso, com a abertura e colaboração de alguns professores de Português e de Literatura, a exemplo de um César Giusti, Pedro Américo de Farias, Luciano Marinho, Bezerra de Lemos, e, em dois casos notáveis, com a censura explícita de diretores de um colégio recifense e do Curso de Jornalismo da UNICAP.
No Recife, as divulgações elogiosas de Geneton Moraes Neto (coluna "Ensaio Geral") e Paulo Azevedo Chaves (coluna "Poliedro"), colunistas do DIARIO DE PERNAMBUCO, e de Beth Salgueiro e Cyl Gallindo, do semanário JORNAL DA CIDADE, fizeram valer a pena a edição do livreto Americanto : A divulgação, no semanário, por exemplo, despertou a atençao do cantor e compositor Paulo Diniz, que voltava ao Recife no domingo em que o jornal chegou às suas mãos... Aí nasceu a canção "Poema para Lea", gravada no elepê Estradas (Emi Odeon, Rio de Janeiro -RJ, 1976) e regravada por Wanderlea no elepê Vamos que eu já vou (Emi Odeon), no mesmo ano.
JUAREIZ CORREYA
(Recife, dezembro 2022)
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