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Mostrando postagens de janeiro, 2010

OFÍCIO DOS OSSOS (para Juareiz Correya)

O que tens, poeta, é bem pouco ou muito ou nada ou o que seja serve para tua mitologia, sem sentidos tens os pés e a hora do poema cheia, uma enchente pelas ruas da cidade que significas. Tens o prato; e a prata ? tens a prata, uma pata medonha que te esmurra de passagem no meio do povo, de novo, todos querem ver o tabefe te cobrindo o rosto, a rubra vergonha que não tens e te roubas, tentando palhacear, tentando palha cear teu prato direto estômago chato esta vida não te dá enjoos ? Poeta, o que tens não representará nunca teu minuto de sorte contado teu tempo escalas escadas e te calas ? tu falas safado, teu feijão é muito (suficiente para qualquer um) desnecessário para teu apetite, tua ração faz falta aos porcos. O que tens poeta não mereces e se recebes um cruzeiro por igual valor envergonhas o câmbio. O que tens poeta é o que te cabe e não serviria mesmo para ninguém mais. O que tens, excedência dos outros, existe apenas para teu desassos

CANÇÃO DE QUEM SE FAZ AMANTE

De que me serve este amor como uma chaga aberto ? Na cidade de criaturas vazias perdi a noção de mim enegreci o cheiro do meu calor enterrei o meu sexo num buraco de excrementos sem raízes. De que serve tudo isto & a beleza que eu carrego & as minhas palavras sinceras & a luxúria dos meus gestos expostos ? Caminho apenas para evitar esses desencontros que se forjam a minha espera em cada esquina & se metem casa a dentro pregados na minha roupa & pulando rutilantes na máquina. Vou não sei por que abraçar a madrugada pois as desesperanças me sacodem por dentro como uma bolsa em que coração & músculos sem peso estiram-se & vibram num orgasmo masturbado. Amar é apenas uma expressão vaga na boca de quem me ouve. Minhas correrias pelas ruas caladas são buscas inúteis & eu me ofereço eu me ofereço amigo & quente tenho a carne toda para repartir em cada instante & por mil atos multiplicarei os meus pedaços. Eu quero