Postagens

Mostrando postagens de maio, 2010

"Eu fui visto voando em círculos..."

eu fui visto voando em círculos retos no jardim da infância com anjos cor de rosa ridentes & velozes & as pessoas nos acompanhavam angustiadas pelos céus da cidade todas as crianças me seguiam & atropelavam aviões & mísseis & era uma festa & uma gritaria melodiosa pelos céus da cidade tantos castelos & tantos países de guloseimas casas & montanhas enormes doces comestíveis construídos assim PLUFT (do folheto RECITY RECIFE - UM, Casa da Cultura / Governo de Pernambuco, Recife, 1976) _____________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, Juareiz Correya (Panamérica Nordestal, Recife, 2010)

QUATRO ESTUDOS NU POEMA (4)

ando nos mesmos corredores dos homens comuns & me cerco dos hábitos cotidianos, colocado nos supermercados, cinemas, bares, nos becos me oriento para ser capaz como os outros,com os mesmos vícios que alegram as famílias & o Governo tomando ônibus, táxis, bebendo neurose na capital & consumindo tédio nas cidades do interior me esforço para conduzir assim este corpo magro de vidro pelas ruas onde todos os olhares me rebuscam eu escrevo como quem pratica crimes perfeitos sem paz & alegria para esta descoberta inesperada (do folheto UM DOIDO E A MALDIÇÃO DA LUCIDEZ, Juareiz Correya, Palmares,PE, 1975) _____________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20 - Juareiz Correya (Panamérica Nordestal Editora, Recife, 2010)

QUATRO ESTUDOS NU POEMA (3)

assim o espanto me conduz eu sei onde estou & não sei aonde vou no cérebro guardado posso consultar a memória mas o que me interessa assalta minhas energias sem tempo marcado, aqui eu me erijo & conduzo o movimento que não havia surgido, a palavra que não tinha nascido a emoção que jamais despertara, a música que nunca havia musicado estes símbolos. aqui eu fecundo uma nova espécie, a raça que não nasceu hoje & nascerá sempre : eu inauguro, sem festas, o poema

QUATRO ESTUDOS NU POEMA (2)

o que eu digo gargaloa escarrado na boca eu sou o agitador & a platéia deste comício me espero onde não há saída, venero a podridão sujo tudo que brilha, eu sei que a lama alimenta este mundo, eu abro o olho onde sangro como uma homenagem para os teus passos, eu cego um olho & vejo luzes que não queria me incendiando o rosto com este canto que eu não entendo & a dádiva que me resume neste gesto