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AS ARMAS BRASILEIRAS

"O lançamento do Brasil no mundo cinzento  da venda e do contrabando de armas e equipamentos nucleares - é uma obra do Governo João Figueiredo."                                        (VEJA, dezembro / 1986) Oferecemos aos Países Amigos, Além de granadas, metralhadoras, Aviões, foguetes e treinamento pessoal, A nossa incompetente administração oficial, Uma gigantesca mortalidade infantil, Projetos faraônicos aprovados no Nordeste, Políticos sem-vergonha com brilhante demagogia, Núcleos de classes desclassificadas, Incivilidades,  sacanagens, gandaias, Altas fontes de pobreza,  Rica estatística de fome, E perfeitas, bem mutretadas impunidades  Para qualquer crime.    Dezembro, 1986. (Do livreto AMÉRICA INDIGNADA Y POEMAS DA ALEGRIA DA VIDA, de Juareiz Correya  - Panamerica Produções / Nordestal Editora, Recife, PE, 1991) __________________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA  E OUTROS POEMAS DO SÉ

ARTE DO PODER

Os romanos inventaram  com leões e cristãos o circo com pão. Os brasileiros bolaram  com samba e com sol  o circo sem pão                           do futebol. Hoje o Brasil descoberto de novo,  inventado de novo, decretou o Estado de Circo - sem picadeiro, sem palco e sem pão - com panos colloridos tapando o céu um mágico desgovernado no planalto  e uma platéia de 140 milhões  de bestas e de palhaços.  Olinda, 1990. (Do folheto AMÉRICA INDIGNADA  Y POEMAS DA ALEGRIA DA VIDA - Nordestal Editora, Recife, PE, 1991) _____________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamerica Nordestal Editora,  Recife, PE, 2010  

A REVOLTA DOS PÁSSAROS FERIDOS

"É honra do homem proteger o que cresce  cuidar para que não haja infância dispersa pelas ruas  de outro modo é inútil ensaiar na terra  a alegria e o canto..."                           (ARMANDO TEJADA GOMEZ) A esta hora exatamente há uma criança na rua. E despertamos para o nosso dia de compromissos, de créditos e compras, com a consciência sã e salva, passada a limpo em águas biodegradáveis, sem a estúpida lembrança dessa imagem. A esta hora exatamente  há muitas crianças despertando  com o molambo e o desabrigo das ruas. E vestimos os azuis e vermelhos  convencionais, roubados ao céu e ao sol, para os encontros das invenções estabelecidas em favor de todos nós - uma comunidade de homens ideais  sem pensar que há manhãs de fome  nas mãos de crianças sacrificadas.   A esta hora exatamente há dezenas de crianças em cada rua prontas para uma luta cega e crua  em troca de um humilhado pedaço de pão. E comemos à nossa mesa os naturais  frutos

OS "POLÍTICOS"

os "políticos" todos os dias ensaiam as mesmas loas e os homens cantam, remontam os mesmos figurinos e os homens copiam, repetem os mesmos chavões  e os homens aplaudem, discursam as mesmas louvações  e os homens se encantam,  mantêm as mesmas lutas  e os homens os seguem, recitam as mesmas cartilhas  e os homens publicam, usam os mesmos métodos  e os homens arrebanham-se, postulam os mesmos credos e os homens guerreiam revivem a mesma vida  e os homens matam-se. (Do livreto AMÉRICA INDIGNADA Y POEMAS DA ALEGRIA DA VIDA - Recife, PE, 1991) ________________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya  - Panamérica Nordestal Editora , Recife, PE, 2010

América Indignada y Poemas da Alegria da Vida

      "Com este novo título - AMÉRICA INDIGNADA Y POEMAS DA ALEGRIA DA VIDA - integro, na primeira parte, aos meus textos já publicados, novos textos de natureza política e social por força da crença que eu tenho na poesia comprometida com tudo e com todos.  A poesia comprometida com a minha e a tua vida, como nos ensinou Thiago de Mello.  E, na segunda parte, trato de outro tema, de outro chão, de um universo com o qual a minha poesia etá sempre comprometida também : procuro oferecer ao leitor textos de natureza amorosa, para que, além da tristeza da dor que os homens criam na terra, na América, em particular, possa o leitor compreender que o homem, ao amar, cria a alegria da vida."                                                                                                                   Juareiz Correya ....................................................................................      ... "E lembro o quanto de razão tinha Darcy Ribeiro, quand

IDENTIFICADO RECIFE

hoje amanheci domingo estou cedo pelo Recife deserto as possibilidades são raras nesta cidade que eu sou : o sol do atlântico pode me devorar ou a chuva do capibaribe me apodrecer. ninguém transita ou veicula sorrisos não chega ou se despede ninguém cotidiano tudo sou eu que parei e descanso mortomente. a cidade que eu sou entardecerá cinemas crepusculabrirá bares travestidas boates sexuais passeios passagens noite a dentro. amanhãserei primeiro segunda feira dia que te uso e mascateias (Publicado com ilustração de Abraão Chagorovisky  no ÁLBUM DO RECIFE, organizado por Jaci Bezerra e Sylvia Pontual - Prefeitura da Cidade do Recife, PE, 1987) ________________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA  E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya   - Panamérica Nordestal Editora, Recife (PE), 2010.

A CRIAÇÃO DOS HOMENS

O poeta toca as palavras, magia que toca as pessoas. Há uma multidão em sua fala. As palavras germinam, crescem, andam, ardem, crepitam e fenecem. E todos os dias ressuscitam. Como ressuscitamos. Com um sopro e um sol pronunciado. As palavras animam-se completamente e nuas ou bem ou mal vestidas vivem e fazem parte do universo das horas. Vão para além, numa viagem cedo ou nunca interrompida. As palavras são pétalas, carne, espírito e luz. O cheiro próprio, a sonoridade única, o modo inconfundível, o gesto inteiro, o gosto pleno, o corpo aberto, a presença exata, a palavra não foi, nem poderia ser, nem será, a palavra é apenas o que é.  E a sua residência não é a terra, nem a infinita cidade das galáxias, ou os tratados, as gramáticas e os tumulares dicionários : é o interior do coração.   (da antologia POETAS DOS PALMARES - Fundarpe / Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes / Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, Recife, Palmares, 1987)

PALMARES

à vida de Givanilton Mendes. A cidade tem uma vontade asfixiante que assoma inteira e exerce o seu domínio sobre todos, vítimas vencidas. É negra e rija, de músculos tentaculares e uma história de desprezo sobre os homens arrotada por mil cantos. Corre sangue sempre verde em seus lugares - um rio que não aplaca a sede, não alimenta e nem apodrece. Um rio desgovernado, de rumos sabidos, sempre voragem, vertiginosa viagem. Águas mortas sem margem de negruras profundas que vêm de longe fecundam registros e lendas fantasiando trombetas pauis pirangis abreus... Há muitos ébrios perdidos pelas ruas silenciosas e tristes invertidos com a bebedeira de tardes noites. Rebeliões sufocadas, revelações castradas e reencarnações multiplicadas na indigência e em cada dor. Deuses malditos perambulam, ambulantes, em seu mercado público de sortes e desgraças. E todos os dias são sempre indiferentes : tanto faz a vida, tanto faz a morte. (Da antologia POETAS DOS

PATERNIDADE

para José Terra, João Guarani e Mariama. nada sou, nem tenho, nem serei jamais. e vocês herdarão de mim apenas o que escrevo. é muito pouco. toda uma vida por isso vale a pena? espero que as suas almas não sejam pequenas. o que fiz a mais foi chamá-los para este mundo, ao lado da companheira e mãe que em mim acreditou e que revelou comigo os seus nomes. o que escrevo é o que vivo. estou nas palavras e nos livros, nas ruas dos meus passos, nos ventos dos meus caminhos, nas terras das minhas fantasias e nos céus eternos das cidades. gosto de mim, me amo inteiramente, e tenho, por vocês, pela mulher que é minha verdadeira companheira, pela minha pequeníssima vida, um imenso orgulho de mim. é só o que posso lhes dizer ? sim. - amem, amem-se, amem para sempre o amor. (Da antologia POETAS DOS PALMARES, organizada por Juareiz Correya - 2a. edição, Palmares / Recife, 1987) _________________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR

REVISÃO DE HERMILO (*)

Os caminhos da solidão pelo sol das almas iluminados se estendem, começo do sem fim à margem das lembranças onde o Cavalheiro da Segunda Decadência passeia. E sem medo ele abre - boca do céu, fundo do inferno - a porteira do mundo para as alegrias e tristezas e assombros d' o cavalo da noite na mata dos homens. Grave, solene e miserável um deus no pasto se envenena azul. Na hora certa, na hora- Agá a vida é esta nudez. O general está pintando sete dias a cavalo . E agora vejam as meninas do sobrado por onde somos, além & aquém do Una gloriosos e derrotados os ambulantes de Deus. ____________________________________________ (*)Poema-colagem, onde se destacam, em negrito, títulos dos livros de ficção publicados por Hermilo Borba Filho. (Da antologia POETAS DOS PALMARES, 2a. edição, organizada por Juareiz Correya, publicação da Fundarpe/Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes/ Fundação Casa da Cultua Hermilo Borba Filho, Recife/Palma

GÊNESIS

no dia da criação o amor me fez - céu e te fez - terra e vendo que em nós a vida havia gerado ele se transformou na mulher que tu és e no homem que eu sou e para sempre se eternizou (Da antologia POETAS DOS PALMARES, 2a. edição, organizada por Juareiz Correya - Fundarpe / Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes / Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, Recife/Palmares,PE,1987) _________________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamerica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010

A NOVA POSE DE REAGAN

Mais uma vez te apossas da América. Mais uma vez te transformas em Águia sanguinária do Ocidente, tu, Ronald Reagan, que em toda a tua vida não passaste nunca de um caubói de segunda categoria. Hoje, novamente conduzido pelas mãos cegas dos teus eleitores, imundos racistas imperialistas, tu projetas o sonho americano do reino soberano dos Estados Unidos sobre toda a Terra. De fato, reinarás, porque a América mais uma vez estremece inteira. As nações de todo o mundo estremecem porque tu tens o Poder de possui-lo. Mas alguma coisa está mudando em ti, e em teu glorioso Poder. Distante do mundo e dos homens que em nome do teu povo assassinas e silencias, tu ensaias a nova posse, fazendo a pose de uma cerimônia circense, e te armas com foguetes anti-mísseis, batalhões de soldados contra-terroristas, além da super-proteção de muralha à prova de bala, colete de cristal e limusine blindada. Tu não és apenas o velho caubói que volta a possuir a Am

LOUVOR À VIDA E REPÚDIO Á MORTE DE ERNESTO CARDENAL

O envio de uma frota naval norte-americana a águas centro-americanas "é uma bofetada no libertador Simon Bolívar", afirmou o ministro da Cultura, da Junta Sandinista, Ernesto Cardenal. (DIARIO DE PERNAMBUCO, Recife, 24/07/83) Ernesto Cardenal, irmão necessário da nossa América sonhada. Teus poemas continentais foram ouvidos por Deus. Teus poemas escritos com sangue, sob forjadas cadeias e o fogo dos canhões salmos de verdade e amor cantados pela liberdade do teu povo e pelo júbilo de tua terra, arruinaram o trono do ditador Somoza e deram-lhe fim mais mortal do que as metralhadoras e as bazucas benditas da Revolução. Ernesto Cardenal, irmão revolucionário da nossa América vilipendiada. Com o teu coração cultivaste a esperança dos homens e das mulheres e das crianças renascidos na tua pequena Nicarágua, com novo sol, nova luta, novas armas, novo ardor, reconstruindo a pátria legitimada pela inteira libertação. Ernesto Cardenal, irmão l