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A CRIAÇÃO DOS HOMENS

O poeta toca as palavras, magia que toca as pessoas. Há uma multidão em sua fala. As palavras germinam, crescem, andam, ardem, crepitam e fenecem. E todos os dias ressuscitam. Como ressuscitamos. Com um sopro e um sol pronunciado. As palavras animam-se completamente e nuas ou bem ou mal vestidas vivem e fazem parte do universo das horas. Vão para além, numa viagem cedo ou nunca interrompida. As palavras são pétalas, carne, espírito e luz. O cheiro próprio, a sonoridade única, o modo inconfundível, o gesto inteiro, o gosto pleno, o corpo aberto, a presença exata, a palavra não foi, nem poderia ser, nem será, a palavra é apenas o que é.  E a sua residência não é a terra, nem a infinita cidade das galáxias, ou os tratados, as gramáticas e os tumulares dicionários : é o interior do coração.   (da antologia POETAS DOS PALMARES - Fundarpe / Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes / Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, Recife, Palmares, 1987)