Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2009

AMERICANTO AMAR AMÉRICA (3)

América tua alegria me embebeda eu sou teu deus poeta incandescido no teu ventre teus olhos brilham poemas terríveis gaivotas criminosas de Ginsberg & me enfeitam & me enfeitam arcoiris de luas gigantescas empoeiradas nos ruídos das motocicletas & há tanta doçura na gasolina matando a sede na minha garganta & alucinógenos & lírios & violetas & roseiras & porres de cocaína & rolos de maconha

AMERICANTO AMAR AMÉRICA (2)

América eu me dou com este corpo de criança que a tua febre come e joga para os céus dos chacais meu corpo virgem nas estradas que a tua volúpia rodopia além onde estão todas as promessas para que o meu gozo encha os mares & enterre todas as florestas com tempestades de espermatozóides

AMERICANTO AMAR AMÉRICA

este poema é dedicado à geração beat norte-americana que pariu o Anti-Sonho nos anos 60. América mulher de carnes cruas pregadas no meu peito como colunas de ventos colossais meus gritos são alegria de tambores & montanhas de plástico são doces campos de açúcar & rios de sangue cheios de troncos negros queimados na dança dos teus cabelos que a noite estupra gargalhadando

FINADIA

"Cavalgou mil camelos nas dunas do coração inquieto. Descansa, Lawrence of Arábia." (EPITÁFIO, de Érico Max Muller) Há urubus desgarrados contra o céu pela manhã. Este não é um dia como outro qualquer ? Sim, a tarde não foi feita para estes rostos falsos cinzentos mascarados eu sobrenado no cemitério ridículo onde besouros acendem velas e iluminam os semblantes dos mortos florindo nas sepulturas. Histórias saem do chão e arrotam contra o meu peito odor e elos com as suas bocarras estendidas. ________________________________ (antologia POETAS DE PALMARES, Palmares, 1973)

VELHA SECA

Se vocês conhecessem a mulher que eu falo não saberiam o que dizer. É difícil imaginar uma mulher desprezível ? Quando ela se aproxima da gente não há quem não reaja de algum modo, e são fáceis as caras de nojo e as brincadeiras, eu penso que ela vive de esmolas que lhe dão, ou se embebeda à toa, a velha ri com os dentes estragados sem equilibrar-se nas pernas finas, as pernas finas dela em meias ralas de lã e um casaco pobre que ela aperta para abrigar o peito murcho, a velha ri e diz coisas ininteligíveis como uma caveira alegre. Ontem eu estava louca pra fazer, ela disse assim sem espantar as caras habituais do bar. E contou se afogando no copo de vinho que procurou um homem a noite inteira e não encontrou nada, que passou a noite inteira com vontade de sentir um homem entrando nela e ela entrando no homem, ela disse que ficava sem saber o que fazer quando tinha vontade, ficava como louca procurando homens o dia inteiro. ___________________________ (antologia POETAS DE PALMARES, Pa

HISTÓRIA DE PROVÍNCIA

a velha apareceu na loja toda tremendo com as mãos na cabeça sem saber o que dizer mas disse que o mundo tava se acabando e o estudante correndo com o coração na boca atropelou muita gente porque pensava que o exército metia porradas no povo pra prender subversivos só o poeta viu os cavalos copulando na feira do domingo ensolarado viu os cavalos copulando sobre toldas e caixotes de legumes e vendedores apavorados só o poeta identificou o que causava tanta confusão na rua naquele dia num poema rindo _____________________________ ( antologia POETAS DE PALMARES, Palmares, 1973)