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OPINIÃO DE PAULO AZEVEDO CHAVES

     "Foi difícil escolher um poema, ou trecho de um, do livro AMERICANTO... Não porque a escassez de bom material poético tornasse difícil a escolha.  Muito pelo contrário : o livro é pequeno, os poemas são poucos, mas a escolha é múltipla."                                                       ("Poliedro" /                                                       DIARIO DE PERNAMBUCO                                                        - Recife, 1973)                                           

UM DOIDO E A MALDIÇÃO DA LUCIDEZ, de Hermilo Borba Filho

      "O poeta é um ser que vive permanentemente em estado de sofrimento por si mesmo e pelo mundo que o rodeia. Quando o mundo atinge a sua zona mais alta de tortura, tanto no estado da lucidez como no das intuições (quase sempre mais válidas), o poeta se contorce como uma salamandra no fogo e canta tragicamente.  Por ser mais agudo e perspicaz que as pessoas que o cercam vê tudo mais além, exacerbadamente, desejando o que não pode e fazendo o que segundo os bons costumes não deveria fazer.        Juareiz Correya é um desses seres e este seu pequeno livro de agora diz, fotograficamente, com muita precisão, o que está acontecendo com ele : o poeta está triste e pessimista. Nenhuma esperança em suas palavras. Ele quer chorar e é um direito seu. Mas tenho cá comigo que devemos crer mesmo contra a esperança e é o que aconselharia se me atrevesse a dar conselhos : olhar em volta mais acuradamente, com esse olhar de gavião que os poetas têm mesmo quando se fingem de mortos, e ve

AMERICANTO AMAR AMÉRICA & OUTROS POEMAS (1975)

UM POETA COM OS PÉS NO CHÃO  Pelópidas Soares  Apresenta-se um jovem do seu tempo, envergando jeans desbotados, blusão aberto ao peito, os cabelos soltos ou presos por uma fitinha. Começa a falar, as terras banhadas pelo Una e pelo Pirangi saltam, em relevo, como num mapa tridimensionado : toda a força telúrica da região, o massapê generoso da Mata Sul, que já plasmou Ascenso Ferreira, Hermilo Borba Filho e Jayme Griz, ressaltam das suas palavras.   A sua poesia carrega a angústia da fase transitória de sua geração que aguenta o peso da tragédia dos nossos dias, prenhes de incertezas. Geração que fecha as portas de um passado e abre as portas para um futuro, em que o homem, o mais adaptável dos animais, vencerá, afinal ! Mesmo que tenha de erguer-se do caos.  Dentro do seu jeito extravagante, Juareiz Correya é um homem sério.  Mais do que muitos executivos rodeados de secretárias e telefones.  Telefones que se comunicam apenas com o vazio.   Tenho muita f

1993 : AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Poema de Juareiz Correya / Desenhos de Roberto Portella

SOBRE ESTA EDIÇÃO  O poema AMERICANTO AMAR AMÉRICA foi escrito no ano de 1972, em São Paulo, e publicado pela primeira vez no ano de 1975 - AMERICANTO AMAR AMÉRICA & OUTROS POEMAS -, livreto de 20 páginas, Nordestal Editora, Recife, PE. Sete anos depois reuni toda a minha poesia publicada até então, reeditando o poema apresentado como título geral da obra   - AMERICANTO AMAR AMÉRICA, livro de 80 páginas, Nordestal Editora, Recife, PE, 1982.   Nesse mesmo ano conheci pessoalmente o desenhista Roberto Portella e fui surpreendido por ele, meses depois, com os desenhos e a quadrinização pronta e acabada do AMERICANTO.  Nos últimos dez anos programamos esta publicação algumas vezes.  Os adiamentos então verificados concorreram mesmo para que este magnífico trabalho de Roberto Portella só pudesse ser editado neste ano de 1993 - um ano após as comemorações do quinto centenário da invasão do nosso Continente - , servindo como contribuição do Nordeste brasileiro para assinalar e

O QUE É MEU (Paráfrase a Jorge Luís Borges)

"Amamos o que não conhecemos,  o já perdido."                           (Jorge Luís Borges)  Amo só o que conheço, nada é perdido.  O bairro onde vivo e seus arredores.  Os homens de hoje, mesmo os que decepcionam,  sem mito e esplendor,  humanamente humanos.  As obras definidas que acabo de ler.  A leitura, não a saudade, da poesia do mundo.  O Ocidente e o Oriente que, na verdade,  existem sob o sol para todos.    Os mais velhos, com quem converso as horas de suas saudades.   As múltiplas formas da memória,  que não se faz do esquecido.  A língua que falo e as leituras que decifro.   Todos os versos de que me lembro, mesmo por hábito.  Os amigos que não faltam, porque nunca morrem.  A ilimitada eternidade da Arte.   A mulher que está ao meu lado,  companheira indivisível.   Até mesmo o que não sei, como o xadrez e a álgebra.    (Do livreto AMÉRICA INDIGNADA  Y POEMAS DA ALEGRIA DA VIDA - Panamerica Produções / N