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DISCURSO POÉTICO

"todo poeta é um subversivo" (Juareiz Correya) subverto as manhãs com esta violência de tardes e noites inconsequentes escangalhando o dia sem contar as horas faço o tempo pelos ponteiros que perdi e instituo o levante da minha decadência não troco a língua nem vendo o nome decretando entregas e condenando recusas estandarte de ilusões rasgadas não canto hinos com estribilhos de amor por viver inseguro do tamanho de uma pátria eu me limito à nação que me chamo e a cada instante república nova proclamo contra o império da dor e do abandono anistio vencedores elejo quem se derrota livro prisões dos horrores dos homens marcha nas ruas o exército da minha desordem e eu abro portas com as mãos do regresso (Do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal

POEMA DE CIRCUNSTÂNCIA

não tenho tempo de escrever este poema sábado roto, embora cheio de sol, esta cidade puta não oferece perspectivas para que eu ame uma mulher de verdade a qualquer hora este poema tem o suicídio de um general & guerra religiosa nas ruas de Belfast por que vocês não matam logo o presidente dos Estados Unidos ? & uma avalanche assassina com 60 mortos a domicílio este poema sem tempo parido nos meus & nos teus hábitos cobrados à força no pedágio tem desastres mirabolantes tão simples & o cheiro de peixes fritos & disparadas músicas no teu quarto, burguesinha. VIA TELEX ESCREVO ESTE POEMA NÃO HÁ MAIS TEMPO DE ESCREVER ESTE POEMA MAS EU NÃO POSSO ESQUECER QUE MILHARES DE PESSOAS ESTÃO MORRENDO AGORA QUE A SOLIDÃO COME OS HOMENS EM PRATOS SUJOS E SABOREIA AS SUAS DORES COM UISQUE SAFADO QUE O AMOR EH UMA BOSTA DE PECADO EM TODAS AS CABEÇAS QUE NÃO HÁ HOMENS E MULHERES SE AMANDO NAS PRAÇAS NOS ÔNIBUS NOS TRENS ELÉTRICOS NAS CALÇADAS DO

POEMA NÚMERO ZERO

Não acontece nada. Não está acontecendo nada. QUE IMPORTÂNCIA TEM A MINHA POESIA ? Não tem nenhuma importância. E eu escrevo e eu escrevo e eu escrevo sem parar para essa tua indiferença rotulada na carteira de identidade, eu escrevo canções que não serão cantadas jamais pelos homens, eu escrevo poemas sem significado para o teu peito amigo, preencho com clareza os meus próprios atestados de óbitos e vocês sabem que mutilam-me os membros equestres com a sua condição miserável espalhando horrores no meu cérebro, e vocês não dizem nada e vocês sequer dão-me uma palavra pouca em troca destes cadáveres. Mesmo que eu não escrevesse este poema o presidente dos Estados Unidos e seus criminosos matariam com inteligente raciocínio mesmo que eu não escrevesse este poema o papa Paulo Sexto no Vaticano reclamaria com veemência porque não pode roubar os jovens de hoje mesmo que eu não escrevesse este poema Moscou enterraria com regularidade os seus artistas em mos

PÁSSARO PINTADO

"Por um instante a surpresa tolhia os pássaros. A mancha colorida voava em meio ao bando, tentando convencê-los de que lhes pertencia. Mas, confundidos pela plumagem brihante, os outros o rodeavam incrédulos e quanto mais o passáro pintado tentava incorporar-se ao bando, mais o rejeitavam. Logo, um depois outro, começavam a atacá-lo, arrancando-lhe as penas multicores, até fazer-lhe perder as forças, precipitando-o ao chão." (JERZI KOSINSKI) Vou andar por aí em nome dos homens. Sujeito da vida a qualquer mudança estarei com os meus, iguais semelhantes, na rota dos passos,de aérea esperança, aérea,pois não. E direi que sou o meu próprio nome -identificado homem, para vivermos juntos a mesma humanidade. NÃO IMPORTA COMO NÃO IMPORTA VG sim a humana identidade. Mesmo que eu lhes pareça espantalho, que não copie a sua moda, nem altere a multidão dos que estão na fila conjugando o tema do dia do sistema. Mesmo que a minha voz palavre o nosso sangue e e

PORRE CERTO

Os olhos do poeta me investigam acima de qualquer suspeita. São olhos fogo aceso fogo morto os ombros magros e firmes suportam o meu peso e de todos os homens do bar das ruas das famílias do meretrício da igreja da prefeitura eu falo mas eu gostaria de saber o que ele deseja que eu lhe diga realmente. Suas mãos afiladas movem-se na mesma cadência dos cubos de rumgelo tilim tilim no copo, o poeta estende-se na minha frente como um campo largo e canta o hino nacional com um sorriso falso, o poeta tem no rosto um céu limpo e me diz : todos estes anos não escondem um país de merda, o balcão do bar é de merda, as mesas do bar são de merda, os homens fedem as ruas fedem as casas os cinemas as intenções fedem e eu sou um rato miserável porque não sei gritar até me arrancarem os pulmões. Alguém passa assoviando o poeta se afoga no copo de rum olhos fogo aceso fogo morto mãos afiladas o tronco as pernas os braços estouram-lhe e o poeta angustiado derruba as pare

SUFOCO NOSSO DE CADA DIA

tento obedecer as normas deste crime estou falando como eu sei é tão certa a distância que nos desorienta na correria da solidão eu comigo cheio de mim esborrando-me diante de bocas murchas e corações desertos tanto me procuro e de mim só encontro um resto de humanas perdições - um rosto de insanas feições com a bandeira deste amor que não compreendem dou bobeira e todos sabem por onde passo do meu carnaval sem época da minha nudez sem trégua e das danações que me assanham e me conduzem aos cadafalsos dos dias e aos fuzis dos que se escondem nas caras caladas culpas forjadas na pele do medo e enterram nos ossos o estampido da voz (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, Recife, PE, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010

IRMÃIDADE

para o poeta Jorge Nascimento por saber quantas porradas percorremos traço metros de vida em teu redor redobro rotas em ensaios de campanhas que algumas vezes falaremos para os surdos de surpresa, quando eles todos esperam. seremos porraloucas parideiros danados como nos pedem os tropéis do sangue, a bebedeira que chove na gente, a gritaria do coração sem tripas e este amargo nos dentes, nosso próprio açúcar. que tal dançar para a puta que pariu ? sorrir larga boca para os babacas vitoriosos ? oferecer nossas bundas para os pontapés dos cus-sujos ? que tal a gente deleitar todo o teatro, e o Júri Oficial, e a Besta-Fera, e o Estopou-Calango, a Peste Bubônica, Calor-de-Figo e a Priquita do Mundo com o gosto da nossa carne ? (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ______________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panameri

ASCENSÃO DE RONALD REAGAN

Um homem velho está no Poder. Um homem velho como as pradarias do seu país Virou Águia E o sangue brilha nos seus olhos A partir de hoje. Hoje a América é posse De um homem velho. A América estremece inteira - treme até os cabelos do cu, possuída por esse homem velho. Recife, 20.01.81. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Nordestal Editora, Recife, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamerica Nordestal, Recife,PE, 2010.

POEMA IMBECIL

então os soldados fardados/armados e os (secretos) agentes da polícia federal no pastoril infantil prenderam as luminosas meninas do cordão encarnado (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal, Recife, PE, 2010

LIÇÃO DE CARTILHA

na boca na boca do povo na boca do povo nordestino na boca do povo nordestino do nordeste na boca do povo nordestino do nordeste brasileiro na boca do povo nordestino do nordeste brasileiro botaram na boca do povo nordestino do nordeste brasileiro botaram o ovo o ovo o ovo do saco o ovo do saco de excrementos o ovo do saco de excrementos de deus o ovo do saco de excrementos de deus mal o ovo do saco de excrementos de deus mal passado o ovo do saco de excrementos de deus mal passado no tridente no tridente no tridente ridente no tridente ridente do demônio no tridente ridente do demônio fardado no tridente ridente do demônio fardado fartado na boca (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010

BILHETE BRASILEIRO PARA O AMERICANO

pega esta terra sem vergonha, Sam e come sua carne seu fruto doce e ela fica melhor com os teus dentes. ganha esta terra, sem vergonha Sam e fode sua gente besta indolente que ela vai sambar sem ligar pra vida. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA -Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal Editora, Recife, PE, 2011

DOM QUIXOTE DE CERVANTES

Diante do mundo, ferida tão aberta me faço poeta e vou espaceando aonde me esperam presidentes & Onus sitiadas & estrelas de cinema sem divórcio & putas brilhantes. Minha poesia raiojogada rebrilaser verbera assim eu combato no céu de chumbo as máquinas de todos os partidos & os robôs românticos lançando apelos, códigos ideológicos. Me faço poeta, astronauta para jogar sobre os continentes meu sorriso de luta. Minha poesia astrolírica fere & a sua fornalha nem consome as gerações inúteis, bêbedos senis comendo o seu pão de condição burguesa. Me faço poeta, poeta eu sou & me chamam louco. A minha loucura não lhes faz graça nem lhes mete medo. Poeta, ou esta mania de pássaro & fogo. Me faço poeta & as torrentes que eu carrego em cada palavra & a porra de tudo & tudo de todos & todos tudo em mim não vale nada para ninguém, estúpidos espectantes. Minha poesia é chama de papel higiênico, é um acidente em

CANÇÃO PARA VICTOR JARA

"o canto tem sentido quando palpita nas veias de quem morrerá cantando as verdades verdadeiras" (VICTOR JARA) morrerei cantando, Victor Jara. depois dos dedos cortados as mãos sangrarão ritmos e cordas e a canção elevará minha voz. e me cortarão os pulsos e os tocos dos meus braços sem instrumentos sustentar rubros vão balançar sem minha canção parar. meus dentes serão quebrados na minha boca prensados na garganta atulhados no meu canto sufocado. meu rosto disforme de insultos virado na sanha dos brutos vai minha vontade cantando na cara do povo mostrar. além da loucura e dos urros da soldadesca assassina além de chutes e murros e da bala que elimina - nesta praça de esportes onde nos jogam com a morte - meu povo não calará, minha voz vai mais cantar, meu canto não morrerá. morrerei cantando, Victor Jara. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, de Juareiz Correya - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) __________________

DIA DE LUTA

há um clamor nas ruas uma passeata de vozes avança pela cidade - além do imposto medo sobre temas proibidos. há um clamor nas ruas crescendo por onde vou liberando no meu sangue o sentimento do mundo contra o sufoco gerado pelo sistema dos homens negando humanos direitos. há um clamor nas ruas pulsando na carne viva meu coração coletivo manifestante e vivo. há um clamor nas ruas sem domínio da cidade é urgente proclamar esse desejo que arde nos dias novos da gente - a mais viva liberdade. São Paulo, 1977. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, Juareiz Correya - Nordestal Editora, Recife, 1982) ________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, Juareiz Correya - Panamérica Nordestal, Recife, PE, 2010

ANTILÍRICO

para Paulo Azevedo Chaves que bicho devora tua cota diária ? sem plumas, escamas, couro ou cabelos que bicho é esse que tem uma boca medonha em cada esquina ? é dia e é noite quando ele ataca sem rastrear vestígios, galopando nas terras selvagens dos corações de só abandono. não lhe dê luz, não lhe dê sombra, não lhe dê um assovio companheiro ou uma hora cúmplice, não lhe dê pão ou bosta, ele vem com eterna fome, com eterna raiva, ele não balança a cauda, nem uiva nos telhados, nem espanta os animais domésticos. com urros e patas de silêncio ele golpeia sem sangue e dança nas bordas do sol sua alegria funesta, guizos de só solidão. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, Juareiz Correya - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ___________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, Juareiz Correya - Panamérica Nordestal, Recife, PE, 2010)

HERMILO ENCANTADO

para Leda, a companheira. na hora H, te encantaste, Hermilo. a tua hora sem linhas, Estados, convenções, estratégias, dor no mapa da vitória, sorte dos aliados : a tua hora sem homens, como em nenhum tempo. na hora-Hermilo teu nome expira e o mundo se apequena mais do que Palmares - universo maldito como a tua boca vomitando tanta vida. não é mais um, ou menos um, que se vai ou passa, porque não há mais conta para esta desgraça: é você quem some, Hermilo é você quem conta nesta hora sacana sem respeito à ereção do teu nome, contágio do Homem. na hora-Hermilo, sagrada por ti, desaparecer por encanto desnorteia a gente até uma oração que te deixaria puto : - a vida é uma merda. que será de Goguéia, Mucurana, Zumba-sem-dentes, Bole-sem-Tempo, Veado-Podre e Fanhim ? que será dos fodidos, das putas, do eterno Pirangi, que será de tudo, de todos, que será de mim ? na hora-H ninguém te elegia, Hermilo - teu sangue vivo bulindo bombeia o coração da esperança, tu

OS HOMENS, PEQUENOS POETAS

Não leio os que se dizem grandes poetas. Eles arvoram-se e edificam-se em suas moradas de sombras e vocabulares constelações. Criam distâncias intangíveis e com apodrecido sangue zumbi amortecem e anulam a emoção enfiam no rabo os instintos castram todos os sentidos e envilecem os sentimentos. Sim : mentem e bordam fedem e pintam. Do mundo onde estão (que felizmente não é o nosso, habitado apenas por um ou outro poeta sem tamanho) fingem que a humanidade existe e cagam para ela somente obras-primas. Deuses feios e famintos, eles masturbam-se em sua própria glória e negam a vida tantas vezes quanto for preciso para que ninguém entre no Reino-dos-Seus. Nunca viram o Inferno onde nós vivemos, nem lavaram a mão com a nossa lama. E nunca morreram, como tantas vezes renascemos. Um dia eles neutronizarão a terra inteira. E, com a sua palavra cretina e luminosa, num parto asséptico e sem dor, inventarão os homens. (do livro AMERICANTO AMAR

UMA VEZ BEBENDO, BEBENDO ATÉ MORRER

de bar e de bares, de porres vazios, de histórias sem graça, eu conto esta hora. não importa se bebi, ou de que bar eu vim, nem se me embebedei no fim da festa. importa é este gesto, inútil voz desesperada tentanto alcançar alguns homens. importa, e que importância tem depois se eu já nem sei se depois me importa qualquer coisa ? fico nu e a verdade é que não estou só, nem com ninguém, nem tenho ninguém a me esperar chegando em casa de táxi. tento acertar comigo o tempo que eu não conheço, a merda do dia, o cu da existência, num buraco infinito de pauleiras. não é nada disso e eu devo dizer É ISSO AÍ, está tudo na pior e eu só sei dizer TUDO BEM, e quando as cachaças as cervejas as companhias me embebedam, eu nunca sei o que será de mim. jamais me contento, mas eu engulo sempre o pão que o diabo amassou, as dores dos cornos, as glórias dos babacas, os uísques nacionais dos bundamoles e o samba-canção dos machos sem tesão. eu vivo mais cheio que o s

SEM TÍTULO, 4 ("como uma coisa odiosa...")

como uma coisa odiosa te deixarei murchar à margem da memória que me cobre os dias, sem uma sombra onde guardar teu nome. eu sou o mesmo e me diviso onde divido a história que nos espelha. amamos, e de tudo sobram restos de viver confundidos nos rostos que ostentamos com máscaras rotas. os amantes aprendem a silenciar também. tu és agora um bicho vulgar que não acentua a mímica mais fácil de conduta animal. e eu que amante sorri com as alegrias de descobrir as tuas descobertas e plasmar teus desejos na substância dos meus, reconheço, sem riso, com palavras ásperas, que sou capaz de te odiar também. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, de Juareiz Corerya - Nordestal Editora, Recife,PE,1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya - Panamérica Nordestal, Recife, PE, 2010

Palmares realiza "Encontro Literário da Mata Sul" em setembro

Palestras, debates, lançamentos, feira de livros, recital de poesia, música e artes plásticas fazem parte da programação do "1o. ENCONTRO LITERÁRIO DA MATA SUL DE PERNAMBUCO", a ser realizado em Palmares, de 15 a 18 de setembro deste ano. Edições e reedições de livros de Hermilo Borba Filho (Palmares), Aristóteles Soares (Catende), Waldemar Lopes (Quipapá), Nelson Chaves (Água Preta), escritores já falecidos e consagrados no Estado, serão lançadas e destacadas durante todo o Encontro. Autores novos, inéditos e publicados, da região, terão também os seus trabalhos lançados no evento, que promoverá, da quinta-feira (15) ao domingo (18), uma movimentada feira de livros no centro da cidade. Com a coordenação geral dos escritores Juareiz Correya (Panamérica Nordestal Editora) e Alexandre Santos (União Brasileira de Escritores - Seção de Pernambuco), o ENCONTRO LITERÁRIO DA MATA SUL DE PERNAMBUCO , iniciado em Palmares, neste ano de 2011, será realizado, a cada ano seguin

Sem Título ("a mulher agora é terrível")

a mulher agora é terrível é terrível e esta palavra é pouca, eu não sei como abarcar a grandeza da miséria a que ela nos condena. e antes, e cedo mesmo quando esteve comigo companheira e amiga sua dor e sua solidão me cativaram pelos dias em que historiamos a nossa sorte vagos e plenos, em nós o universo. eu quis lhe dar e lhe dei os meus alvoroços e a minha calma e o gosto que eu sempre tive de me dizer seu. ela me acolheu e me disse generosa que me recebia e me queria com a certeza de quem ia me receber e me querer muito mais. agora, o tempo não é de alegria nem festa alguma existe em nossa volta ou nos encontros que forçam os nossos passos. existe em mim uma dor e uma solidão que eu nunca tive e a desgraça de vê-la terrível como eu nunca vi. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, de Juareiz Correya - Nordestal Editora, Recife, 1982) ___________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMA

(SEM TÍTULO, 2) "dói em mim uma dor danada..."

______________________ dói em mim uma dor danada que eu não quero ter e que não recuso. um gesto que eu não conheço me condena, a voz transborda iras e terrores. a mulher que eu amei é logo desamada num abandono cego e pessimista. amanhã eu não sei o que dizer do amor para que não seja apenas uma palavra. meus sentimentos se perdem e se confundem e eu me esqueço de mim, falho nos sonhos erro nas esperanças passo batido e retardatário no ciclo dos dias, me sinto sem forças para conduzir meu próprio fardo. que olhos brilharei para a mulher que amo quando ela aparecer cansada e triste ? dói em mim uma dor danada que eu não quero ter por que repartir com essa companheira sofrida em meus caminhos inútil e vaga em sua sorte que eu não quero ter e que não recuso. (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, de Juareiz Correya - Nordestal Editora, Recife, PE, 1982) ________________________________________ Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS PO

(SEM TÍTULO)

___________________________ estou triste porque não disse do amor alegres palavras que alvoroçassem teu sangue e te perdessem em nosso encontro. estou triste e inútil, cansado pelas ruas e becos e praças e grotas e grutas deste lugar que enfeitei contigo para te inaugurar e te fazer morada. é uma tristeza sem álcool nos olhos e sem olheiras, sem amargor e sem derrota tristeza triste contra a alegria de te ver. serena em mim um rebanho de temores pastando nesta noite de distâncias. ninguém nos vê,nem sabe do nosso desamparo e do carinho que não tratamos quando estivemos juntos. ninguém vê que não nos vemos e que não sabemos de nada do que dissemos e que não fazemos o que queremos. esta tristeza cresce e me espanta se estendendo sobre pontes e rios como se pudesse te encontrar e, onde estás, enterrar teu rosto em sombras e teu coração em apertos (do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, de Juareiz Correya, Nordestal Editora, Recife, 1982) ____________