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AMERICANTO AMAR AMÉRICA : Opiniões de Leda Rivas e Montez Magno

"Nos versos de Juareiz Correya, uma canção de amor desesperada.  A América lhe dói, como a Espanha doía a Unamuno.  É parte de sua vida, de sua carne  e de sua alma,  suga-lhe o sangue, explode em suas artérias, marca,  cruelmente, os seus passos de poeta."  (LEDA RIVAS   - Diário de Pernambuco,  Recife, 1982)  "Em Americanto Amar América o seu anti-lirismo é pujante.  não sendo envolvido por diáfanos e enganadores véus mas revestido de uma grossa crosta perfurante,  emissora de sonoridades incomodatícias aos ouvidos  dos que ainda não se aperceberam que os sons mais comuns  e constantes do nosso tempo são os das metralhadoras  e dos tanques de guerra."  (MONTEZ MAGNO   - Olinda, 1982)  ____________________________________________________  Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya   (Panamerica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010)  

"RETRATO 3 X 4 DE JUAREIZ CORREYA" (5) - Texto de Jaci Bezerra

"..............................................................      Este livro de Juareiz Correya, que reúne produções de várias épocas já publicadas anteriormente sobretudo em forma de livretos e folhetos de cordel, sendo, no seu conjunto, o discurso de parte de uma vida, a sua, pode ser encarado, por outro lado, como representativo de uma fase agressivamente renovadora da poesia brasileira atual : exatamente a que vem sendo imposta pelos movimentos alternativos.      Ao contrário dos donos da cultura, que olham com desprezo e nojo, ou, no mínimo, complacentemente, essa poesia através da qual os novos rompem e escancaram o hímen da poesia, isso de maneira salutarmente rebelde, não tenho dúvidas de que ela veio para ficar. E um exemplo, entre muitos, é constituído por este livro. Discursivo, às vezes, mas sobretudo, e acima de tudo, a criação de um poeta que é verdadeiramente poeta. Nele, devo confessar que me vejo, e nele vejo uma força vital, que cresce, que sobe e

"RETRATO 3 x 4 DE JUAREIZ CORREYA" (4) - Texto de Jaci Bezerra

"....................................................................................      Para os que se arvoram em proprietários da Arte, Juareiz Correya se situa dentro do universo da poesia que, hoje, hostilizada e por eles recusada, é chamada de alternativa e marginal.  Acredito que Juareiz, consciente do seu ofício e dos seus propósitos, deve encarar com irreverência essa colocação.  Creio que não vale a pena discutir, nos dias que correm, as posições dos que, ao longo do tempo, tentaram traçar e impor normas e limites para a arte através dos discursos produzidos menos pela serenidade dos olhos, que se mantêm honesta e serenamente abertos, do que por equívocos e frustrações.  Juareiz Correya, na verdade, poeta acima de rótulos, foi, no Recife, e talvez deva acrescentar, em Pernambuco, um vanguardista no que se refere à eclosão dos movimentos alternativos e marginais no Brasil.  O que, para aqueles que acompanham lisamente, sem subterfúgios, o processo cultural brasile

"RETRATO 3 X 4 DE JUAREIZ CORREYA" (3) - Texto de Jaci Bezerra

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,      "Ouso dizer que em Juareiz Correya a vida e a poesia estão entranhadas na mesma argila e no mesmo barro. A sua poesia, digamos assim, é o reflexo exato de suas atitudes e ações no mundo, Ele acredita, com uma crença visceral, no poder das palavras como instrumento de denúncia e combate.  Mas nunca nas palavras bem comportadas, adoçadas pelo açúcar lírico que durante um tempo bastante longo marcou nocivamente parte substancial da poesia brasileira : a palavra domesticada, asséptica, esterilizada, cheirando a desodorante e apertada nos nós dos espartilhos.  Juareiz acredita na palavra solta e livre, fruto que os poetas, sentados à mesma mesa, também soltos e livres, podem dividir fraternalmente.  Por isso mesmo ele as usa sensualmente, como se ele e a palavra fossem amantes que, na intimidade do amor, se concedessem todas as liberdades.  E porque a palavra é a amada que escolheu, e porque sabe, ainda, que essa

"RETRATO 3 X 4 DE JUAREIZ CORREYA" (2) - Texto de Jaci Bezerra

     "Juareiz Correya, dizia eu, é uma pessoa feita de excessos. Mas não dos excessos que ofendem as pessoas e minimizam a vida. Ao contrário, ele parece-me excessivo, despudoradamente excessivo nos seus gestos e atitudes, porque ama despudoradamente a vida. E esse amor e despudor que, por vezes, parece ofender, não importam as razões alegadas, o senso de decência das pessoas, consequências de uma liberdade rara, arduamente conquistada e facilmente constatável, é o que torna incendiariamente viva a sua poesia. Ao escrever, Juareiz dispensa os veludos e as filigranas da moda, e é o mesmo Juareiz rútilo de vida que estamos acostumados a ver e ouvir : o  que se abre em risos, o que convive com os sonhos, o que não aceita imposições, o que ama e estuda os poetas populares, o que publicou Ascenso, o que distante dos deuses e dos valores da nossa época está sempre nas ruas e nas esquinas ao lado dos homens.  Sabe, porém, que "a rua é pouca para o meu corpo, a rua a rua."

RETRATO 3 x 4 DE JUAREIZ CORREYA (Texto de Jaci Bezerra)

     "O poeta Juareiz Correya nunca aceitou, em nenhuma circunstância, as roupas bem talhadas dos figurinos tradicionais.  Esta afirmação, produto de uma amizade exercitada ao longo de anos inquietos e sofridos, é plenamente endossada pelo escritor Marcus Santanetti, que fez a apresentação do seu primeiro livro e conviveu com o poeta na época em que ele, saturado de Palmares e Recife, exilou-se voluntariamente em São Paulo.  Diria que Juareiz é uma pessoa feita de excessos.  E o Recife e Palmares, os que insistem em masoquistamente continuar amando o Recife e Palmares, acostumaram-se, já, a conviver com o seu perfil de lâmina, aos seus jeans desbotados e azuis, à sua voz que parece tinir como o ruído dos copos dentro das tardes e das noites recifenses, ao generoso desperdício de gestos das suas mãos de dedos longos e brancos, à sua risada ostensivamente escandalosa.  E, do mesmo modo, o Recife e Palmares também já se acostumaram à seriedade com a qual ele, Juareiz Correya, tr

OPINIÃO DE GENETON MORAES NETO

"AMERICANTO é na verdade uma significativa declaração de amor a essa América de todos os campos, gritos, silêncios, sossegos e agonias. Vale a pena ler o trabalho desse jovem poeta, dono de uma linguagem forte e cortante."  GENETON MORAES NETO  ("Ensaio Geral / Diário de Pernambuco,  Recife, PE, 1975)