"RETRATO 3 x 4 DE JUAREIZ CORREYA" (4) - Texto de Jaci Bezerra





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     Para os que se arvoram em proprietários da Arte, Juareiz Correya se situa dentro do universo da poesia que, hoje, hostilizada e por eles recusada, é chamada de alternativa e marginal.  Acredito que Juareiz, consciente do seu ofício e dos seus propósitos, deve encarar com irreverência essa colocação.  Creio que não vale a pena discutir, nos dias que correm, as posições dos que, ao longo do tempo, tentaram traçar e impor normas e limites para a arte através dos discursos produzidos menos pela serenidade dos olhos, que se mantêm honesta e serenamente abertos, do que por equívocos e frustrações.  Juareiz Correya, na verdade, poeta acima de rótulos, foi, no Recife, e talvez deva acrescentar, em Pernambuco, um vanguardista no que se refere à eclosão dos movimentos alternativos e marginais no Brasil.  O que, para aqueles que acompanham lisamente, sem subterfúgios, o processo cultural brasileiro, deve constituir motivo de orgulho.  Nele, aliás, a aceitação, a descoberta dos suportes utilizados hoje pelos poetas alternativos para dar conhecimento de suas produções, acentuou a sua vocação de andarilho.  E mais do que a sua vocação de andarilho, a sua condição de poeta que se sabe poeta e exige de si próprio partindo das suas necessidades e das necessidades de nossa época, independente de preceptores oficiais, como fazem maiuscularmente os poetas, independente ou não de serem alternativos, compor o seu canto, a sua música, a sua voz : "aqui eu fecundo uma nova espécie, a raça / que não nasceu hoje & nascerá sempre : / eu inauguro, sem festas, o poema." 


(Posfácio de AMERICANTO AMAR AMÉRICA, 
 Nordestal Editora, Recife, 1982) 


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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20 - de Juareiz Correya 
(Panamerica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010) 

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