LOUVOR À VIDA E REPÚDIO Á MORTE DE ERNESTO CARDENAL

O envio de uma frota naval norte-americana
a águas centro-americanas "é uma bofetada
no libertador Simon Bolívar", afirmou o
ministro da Cultura, da Junta Sandinista,
Ernesto Cardenal.
(DIARIO DE PERNAMBUCO, Recife, 24/07/83)




Ernesto Cardenal, irmão necessário
da nossa América sonhada.
Teus poemas continentais foram ouvidos por Deus.
Teus poemas escritos com sangue,
sob forjadas cadeias e o fogo dos canhões
salmos de verdade e amor
cantados pela liberdade do teu povo
e pelo júbilo de tua terra,
arruinaram o trono do ditador Somoza
e deram-lhe fim mais mortal do que as metralhadoras
e as bazucas benditas da Revolução.

Ernesto Cardenal, irmão revolucionário
da nossa América vilipendiada.
Com o teu coração cultivaste a esperança
dos homens e das mulheres e das crianças
renascidos na tua pequena Nicarágua,
com novo sol, nova luta, novas armas, novo ardor,
reconstruindo a pátria legitimada pela inteira libertação.

Ernesto Cardenal, irmão libertário
da nossa América assassinada.
Teus gritos não foram ouvidos por Deus.
Os gritos de Sandino, de Guevara, de Neruda, de Victor Jara,
os gritos americanos gritados há mais de mil anos
são roubados aos ouvidos de Deus
pelo sanguinário presidente dos Estados Unidos da América Assassina,
que covardemente esbofeteia Bolívar o Libertador
e maquina a tua morte com a outra mão.


(Olinda, PE, julho, 1983)


Do livreto AMÉRICA INDIGNADA
- Poemas de Juareiz Correya (Brasil)
e Hector Pellizzi (Argentina)-
Panamérica, São Paulo, SP, 1986


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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya
- Panamerica Nordestal, Recife, PE, 2010.

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