SUFOCO NOSSO DE CADA DIA
tento obedecer as normas deste crime
estou falando como eu sei
é tão certa a distância
que nos desorienta
na correria da solidão
eu comigo cheio de mim esborrando-me
diante de bocas murchas e corações desertos
tanto me procuro e de mim só encontro
um resto de humanas perdições
- um rosto de insanas feições
com a bandeira deste amor que não compreendem
dou bobeira e todos sabem por onde passo
do meu carnaval sem época
da minha nudez sem trégua
e das danações que me assanham
e me conduzem aos cadafalsos dos dias
e aos fuzis dos que se escondem nas caras
caladas culpas forjadas na pele do medo
e enterram nos ossos o estampido da voz
(do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA, Recife, PE, 1982)
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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20, de Juareiz Correya
- Panamérica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010
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