DOM QUIXOTE DE CERVANTES





Diante do mundo, ferida tão aberta
me faço poeta e vou espaceando
aonde me esperam presidentes & Onus sitiadas
& estrelas de cinema sem divórcio
& putas brilhantes.
Minha poesia raiojogada rebrilaser verbera
assim eu combato no céu de chumbo as máquinas
de todos os partidos & os robôs românticos lançando apelos,
códigos ideológicos.
Me faço poeta, astronauta
para jogar sobre os continentes meu sorriso de luta.
Minha poesia astrolírica fere & a sua fornalha
nem consome as gerações inúteis, bêbedos senis
comendo o seu pão de condição burguesa.
Me faço poeta, poeta eu sou & me chamam louco.
A minha loucura não lhes faz graça nem lhes mete medo.
Poeta, ou esta mania de pássaro & fogo.
Me faço poeta
& as torrentes que eu carrego em cada palavra
& a porra de tudo & tudo de todos & todos tudo em mim
não vale nada para ninguém,
estúpidos espectantes.
Minha poesia é chama de papel higiênico,
é um acidente em página de jornal,
é uma chateação para aqueles que eu amo,
é uma inutilidade para os homens do meu país.
Nada significa eu sei diante de todos.
Mas eu sou poeta & poetando
enfrento as dores do mundo, os horrores de tudo
sobre nuvens de automóveis & guerreiros fumegantes
& máscaras absurdas & potentes estratégias de propaganda
& o último lançamento da indústria de consumo
nas estradas em que eu cavalgo com a minha desesperança
& conduzo meu sonhestandarte.



(do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA,
Recife, PE, 1982)


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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20
de Juareiz Correya
- Panamérica Nordestal Editora,
Recife, PE, 2010.

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