PONTE SOBRE ÁGUAS TURVAS
se teu sorriso
não movesse o rio
contra as correntes do leito
onde escorre
eu poderia sim eu poderia
cair nesta noite
sem esperança de te encontrar
minha canção é tão pouca
minha canção chove
e me faz um homem débil
tua lembrança joga no meu rosto
teus braços cheios
de plantas e odores
teus peitos macios de tremores
e de nuvens encharcadas
cigarros sapatos cuspo pedaços
de árvores e de pássaros
e tuas palavras algumas, que eu misturo
com seixos assovios e a melodia
que você gostava de ouvir na minha boca
agora também o céu é feio e não tem graça
tua lembrança me entristece
e me enterra
nestes espelhos
(do folheto RECITY RECIFE - UM,
Casa da Cultura /Governo de Pernambuco,
Recife, 1976)
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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20 - Juareiz Correya
(Panamérica Nordestal, Recife, 2010)
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